09/06/2008

OS POEMAS TRIÂNGULO

Em Março publiquei neste BLOG mais um trabalho do Luís Mourão, tutor THEKA e professor na EB1 da Várzea, sobre o trabalho que desenvolve com os seus alunos do 2º Ano.
Hoje volto a publicar mais um trabalho do Luís com os seus alunos, em que este se preocupa com o alargamento do vocabulário activo e das competências da escrita, bem como com o processo de apropriação do conceito de área vocabular.
Consultem este excelente trabalho e exercitem-no com os vossos alunos.
Bom trabalho.
Ana Melo

Poema Triângulo

Poema triângulo: um jogo de campo (lexical) (I e II)

A verdade é que me preocupava desde há algum tempo em encontrar, alterar ou inventar jogos que dessem não só grande enfoque ao alargamento do vocabulário activo e das competências de escrita (todos os que fazemos na realidade) mas permitissem começar o processo de apropriação do conceito de área vocabular.
Este, é assim:

I: Perceber o mecanismo

No dia 12 de Maio de 2008 pedi aos meus alunos do 2º ano de escolaridade da EB1 da Várzea que escrevessem frases em que cada uma das palavras tivesse mais uma letra do que a palavra anterior. Excluíam-se os elementos de ligação para que as frases pudessem ser (ligeiramente) mais fáceis de construir e, simultaneamente, ganhassem mais coerência. Depois de termos feito em conjunto, no quadro, uma frase exemplo eles iniciaram o trabalho individualmente.

“Eu fui para Paris.”, escreveu ( E.);
“Eu fui para o Porto.” ( F.)

Lêmos uns aos outros as nossas frases:

“Eu fui para casa andar de bicicleta.” disse ( M.);
“Eu sou belo.” Tinha escrito ( M.);
“Eu fui a Lima fazer tintas.” (R.);
“Eu fui para a minha cidade amorosa.” (R.).

Conversámos sobre a construção de sentido nas frases. De como era muito mais difícil escrever neste jogo:

“Eu fui para a festa de patins bonitos na Tanzânia.” (Ma.);
“Um dia cada rapaz levava animais.” (F.) mesmo
“Um mau cromo de Leiria almoçou carapaus.” (J .M.) ou .
“O pé foi para a praia no Canadá.” (G) do que
“Eu dei sete camas a Lisboa.” (M.) ou
“Eu fui para o pátio afável, assoado e amigável.” (D.).

Quer dizer, de alguma forma concluímos que a dificuldade maior era manter, respeitando as regras, uma progressão de sentido coerente em que cada palavra mantivesse uma ligação evidente à anterior e “anunciasse” a seguinte. Talvez, então, o melhor fosse passar, no dia seguinte, ao nível 2.

II: Poema triângulo

Não era a primeira vez que trabalhávamos sobre a construção de uma área vocabular (ou campo lexical como prefiro, confesso). Sem nenhuma formalidade, naturalmente.
É possível que fosse também por isso que eles se lançaram imediatamente ao trabalho a partir da ideia que eu lhes propus logo de manhã:

a) Manter a regra da progressão quantitativa — cada palavra tem (não vão vocês esquecer) mais uma letra do que a palavra anterior;
b) Eliminar completamente todas os elementos de ligação (artigos; contracção de preposições com artigos…);
c) Encontrar uma palavra-chave e gerar uma área vocabular a partir dela; verificar a ortografia; corrigir (se for caso disso);
d) “Ordenar” as palavras respeitando as regras enunciadas mantendo (ou não) a palavra-chave como título.

Dou-vos dois exemplos “completos”:
O J. M. escreveu primeiro, “Futebol” e logo depois “golo; apanha-bolas; equipamento; bancada; adeptos; bandeirola; chuteira; caneleira; meio-campo; suplente; árbitro; claque; treinador; lançamento; livre; guarda-redes; baliza; bola; defesa; médio; avançado; relvado; grande-área; pequena-área; penalti; canto; jogador”.

Contou as palavras e organizou-as desta forma:

FUTEBOL
bola
médio
claque
bancada
avançado
caneleira
grande-área
gooooooooolo

O F. definiu “Café” e a partir dele: “balcão; mesas; cadeiras; televisão; pão; rebuçados; pastilhas; bolos; sumos; pessoas; chocolate; piza; café [bebida] ; chá; água; amigável; barulhento”.

O que acabou por ser:

CAFÉ
pão
piza
sumos
balcão
amigável
chocolate
pastilhas
barulhento


Luís Mourão
2008/05/12

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